“Alegra-te, Jerusalém! Reuni-vos, vós todos que a amais; vós que estais tristes, exultai de alegria! Saciai-vos com a abundância de suas consolações”(cf. Is 66,10-11).
Esta antífona da entrada (em latim: “Laetare”) do quarto domingo da Quaresma dá a essa celebração um tom próprio de júbilo, que pode ser expresso também pelo uso facultativo da cor rósea nos paramentos. O tempo da Páscoa se aproxima: é a vida nova do ressuscitado que quer irromper e transformar para melhor a nossa existência!
Depois de recordar, nos domingos anteriores, a aliança com Noé, o sacrifício de Abraão e a lei de Moisés, a primeira leitura (2Cr 36,14-23) mostra a alegria do retorno do exílio: “Quem dentre vós todos pertence ao seu povo? Que o Senhor, seu Deus, esteja com ele, e que se ponha a caminho”.
O período durante o cativeiro foi o mais triste e doloroso na história dos hebreus, como bem mostra o salmo 136: “Junto aos rios da Babilônia nos sentávamos chorando, com saudades de Sião. Nos salgueiros por ali penduramos nossas harpas”. O povo encontrava-se sem terra, sem templo e sem Deus, ou pensava-se esquecido pelo Senhor, quando ele, na verdade, permitia essa humilhação para suscitar a mudança necessária à nova vida! Convertido e purificado em suas práticas, Israel pode, enfim, voltar para casa!
“É por graça que vós sois salvos!” afirma por duas vezes o apóstolo são Paulo na segunda leitura (Ef 2,4-10). Este é o grande motivo de alegria em nosso coração: Deus não só nos libertou, como também preparou de antemão boas obras para que nós as praticássemos, participando, assim, da riqueza de sua misericórdia.
“Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito (...) para que o mundo seja salvo por ele”, é o coração do anúncio evangélico neste 4º domingo de Quaresma (Jo 3,14-21). Jesus, procurado na escuridão da noite por Nicodemos, fala sobre a luz das boas obras, que deve resplandecer sobre o mundo. Ele antevê sua elevação na cruz em analogia com a serpente de bronze levantada por Moisés como sinal de salvação.
Participando dos divinos mistérios na liturgia, caminhamos para a plenitude a que o I Prefácio da Quaresma nos convida: “Pai Santo, vós concedeis aos cristãos esperar com alegria, cada ano, a festa da Páscoa. De coração purificado, entregues à oração e à prática do amor fraterno, preparamo-nos para celebrar os mistérios pascais, que nos deram vida nova e nos tornaram filhas e filhos vossos”.
Uma semana abençoada para todos
Padre Célio Calixto
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