Durante esta semana é utilizado o I Prefácio da Paixão
do Senhor: “Deus todo-poderoso, o universo inteiro, salvo pela Paixão de vosso
Filho, pode proclamar a vossa misericórdia. Pelo poder radiante da Cruz, vemos
com clareza o julgamento do mundo e a vitória de Jesus crucificado”. Que a luz do Cristo, vitorioso porque
vítima, brilhe intensamente sobre nós nesses dias!
A liturgia da palavra começa com um dos pontos altos
do Antigo Testamento: a Nova Aliança, proposta por Deus e anunciada pelo
profeta Jeremias (Jr 31,31-34). Mesmo sabendo das infidelidades do povo, o
Senhor propõe um pacto novo, caracterizado por uma lei interior, inscrita nos
corações. Ela será estabelecida com base no amor e no perdão dos pecados,
consequência da misericórdia divina: “Imprimirei minha lei em suas entranhas, e
hei de inscrevê-la em seu coração; serei
seu Deus e eles serão meu povo. (...) Todos me reconhecerão, pois perdoarei
sua maldade, e não mais lembrarei o seu pecado”.
O mais famoso dos salmos penitenciais (Salmo 50) vem
em resposta à profecia pedindo: “Criai
em mim um coração que seja puro”. O salmista reconhece sua queda, mas não
se entrega ao desânimo. Pelo contrário, recorre à fonte do perdão, para ser
lavado e renovado interiormente, comprometendo-se a reconduzir outros por esse
mesmo itinerário: “Dai-me de novo a alegria de ser salvo e confirmai-me com
espírito generoso! Ensinarei vosso caminho aos pecadores, e para vós se
voltarão os transviados”.
A Carta aos Hebreus, descrevendo veladamente a paixão
de Cristo, enaltece sua entrega confiante nas mãos do Pai, que o salva da morte
e o constitui salvador de toda a humanidade: “Mesmo sendo Filho, aprendeu o que
significa a obediência a Deus por aquilo que ele sofreu. Mas, na consumação de
sua vida, tornou-se causa de salvação
eterna para todos os que lhe obedecem”.
Aproxima-se, enfim, na proclamação do Evangelho
segundo João, a hora de Jesus (Jo 12,20-33). No momento em que os estrangeiros
(gregos) têm seu interesse despertado pela pessoa do Cristo, é o sinal de que está
para acontecer sua glorificação: “Eu,
quando for elevado da terra, atrairei todos a mim”.
O grão de trigo só produz fruto quando aceita
desaparecer no seio da terra. Da mesma forma o Filho de Deus, ocultando-se dos
sentidos humanos, está mais presente do que nunca na assembleia do culto, na
medida em que seus membros aceitam também se sacrificar uns pelos outros. Que
também nós, fortalecidos na celebração dominical por estas palavras do Senhor,
aceitemos seguí-lo, como servos obedientes, para estarmos sempre com ele!
Uma semana abençoada para todos!
Padre Célio Calixto
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