Cúria Romana emite parecer favorável à beatificação de dom Helder Câmara
Publicação: 27/03/2015 16:30 Atualização: 27/03/2015 16:51
Dom Helder Câmara. Foto: Otavio de Souza/DP/D.A Press
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A beatificação do ex-arcebispo de Olinda e Recife, dom Helder Câmara, recebeu o primeiro parecer favorável da Cúria Romana. A solicitação foi feita pelo arcebispo dom Fernando Saburido em junho passado. Segundo carta expedida pelo prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, cardeal dom Angelo Amato S.D.B., para o dicastério Nihil Obstat, não há nada que impeça a abertura do processo.
O próximo passo é a autorização dos trâmites em nível diocesano, que depende do posicionamento de outros dicastérios. Com o aval do Vaticano, dom Helder será nomeado Servo do Senhor. Em seguida, uma comissão jurídica vai avaliar as "virtudes heróicas" do religioso através do estudo de textos publicados em vida e análise dos testemunhos de pessoas que conheceram o Dom da Paz.
Após os estudos, o relator do processo, a ser nomeado pela Congregação para a Causa dos Santos, deverá elaborar um documento denominado "Positio", que é um compêndio das análises realizadas pela comissão. Assim que aprovado, o papa concede o título de Venerável Servo do Senhor. Somente após essas autorizações, acontece a beatificação. No entanto, para ser considerado santo, ainda há outra etapa a ser vencida, a canonização, que precisa da comprovação de um milagre e só acontece após a nomeação como beato.
Dom da Paz
Dom Helder Camara nasceu em 7 de fevereiro de 1909, em Fortaleza, e teve 12 irmãos. Após entrar muito jovem no Seminário da capital do Ceará, se tornou padre aos 22 anos. O primeiro momento da vida religiosa de dom Helder foi marcado pela militância junto a instituições políticas conservadoras, como a Ação Integralista Brasileira, entre 1932 e 1937. Mais tarde, o religioso considerou a participação como um erro da juventude. Já radicado no Rio de Janeiro desde 1936, passou a optar por um trabalho assistencialista, quando fundou departamentos da Igreja voltados para atender os mais necessitados.
Após longo período atuando na então capital do Brasil, dom Helder foi nomeado para o Maranhão. Com a morte do arcebispo de Olinda e Recife, foi enviado para Pernambuco, onde desembarcou em 12 de abril de 1964, poucos dias após o golpe militar. Na capital pernambucana, o religioso desembarcou em meio a uma relação conturbada entre Governo do Estado e Igreja.
Dois dias após a posse, dom Helder lançaria, juntamente com outros 17 bispos nordestinos, um manifesto à Nação, pedindo liberdade das pessoas e da Igreja. O primeiro grande atrito, entretanto, ocorreu em agosto de 1969, quando o arcebispo foi acusado de demagogo e comunista, por ter criticado a situação de miséria dos agricultores do Nordeste.
A partir de então, dom Helder sofreu represálias, inclusive com sua casa metralhada, assessores presos e com a morte de Padre Antônio Henrique, que foi assassinado. Em 1970, quando dom Helder teve o nome lembrado para o Prêmio Nobel da Paz, o governo brasileiro promoveu uma campanha internacional para derrubar a indicação, já que ele denunciava a prática de tortura a presos políticos no Brasil. Também em 1970, os militares chegaram a proibir a imprensa de mencionar o nome do Arcebispo de Recife e Olinda.
Dom Helder comandou a Arquidiocese de Olinda e Recife até o dia 10 de abril de 1985, quando – por atingir a idade limite de 75 anos – foi substituído pelo arcebispo dom José Cardoso Sobrinho. Ele morreu em sua casa, no Recife, em 27 de agosto de 1999, devido a uma insuficiência respiratória decorrente de uma pneumonia. Seus restos mortais estão sepultados na Igreja Catedral São Salvador do Mundo, em Olinda.
Em Com informações da Arquidiocese de Olinda e Recife
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