DOMINGO DE RAMOS 


Com este domingo de ramos iniciamos a Semana Santa. A celebração litúrgica começa com a narração do Evangelho em que mostra Jesus entrando na Cidade Santa montado num jumento, ou seja, o animal das pessoas simples do campo, e além disso num jumento que não lhe pertence, mas que ele, para essa ocasião, pede emprestado. No livro do profeta Zacarias podemos ler: "Não temas, Filha de Sião, olha o teu rei que chega sentado na cria de uma jumenta" (Zc 9, 9). O evangelista São João narra que, num primeiro momento, os discípulos não o compreenderam. Somente depois da Páscoa entenderam que Jesus, agindo deste modo, estava a cumprir os anúncios dos profetas, compreenderam que o seu agir derivava da Palavra de Deus e que a levava ao seu cumprimento.
Temos ainda nesta liturgia do Domingo de Ramos a presença da multidão que aclama Jesus: "Hosana! Bendito seja o que vem em nome do Senhor" (Mc 11, 9; Sl 118, 25). A palavra “Hosana” faz parte do rito da festa dos tabernáculos, durante o qual os fiéis caminham em redor do altar, tendo nas mãos alguns ramos compostos de palmas. Pois bem, com as palmas nas mãos, as pessoas elevam este clamor diante de Jesus, em quem vislumbram aquele que vem em nome do Senhor: com efeito, a expressão "Aquele que vem em nome do Senhor" tornou-se há muito tempo a designação do Messias. Em Jesus reconhecem Aquele que verdadeiramente vem em nome do Senhor e traz a presença de Deus ao meio de nós. Este brado de esperança, esta aclamação a Jesus durante o seu ingresso em Jerusalém. 


Com o brado do "Hosana!" saudamos aquele que, em carne e sangue, trouxe a glória de Deus à terra. Saudamos Aquele que veio e todavia permanece sempre como aquele que há de vir. Aquele que, na Eucaristia, vem sempre de novo a nós em nome do Senhor, unindo deste modo na paz as extremidades da terra. Esta experiência da universalidade constitui uma parte essencial da Eucaristia. Na sagrada Eucaristia, recebemos o fruto do grão de trigo morto, a multiplicação dos pães que continua em todos os tempos até ao fim do mundo.

Neste domingo lemos também o relato da Paixão do Cristo segundo São Marcos e neste relato tocamos na norma constitutiva da nossa vida, isto é, o fato de que, sem o «sim» à Cruz, sem caminhar unidos com Cristo dia após dia, a vida não pode ter êxito. Quem quiser reservar a sua vida para si próprio, irá perdê-la. Quem dá a sua vida, irá encontrá-la. Esta é a verdade exigente, mas também profundamente bela, na qual queremos avançar passo a passo ao longo do caminho da Cruz. 

O Domingo de Ramos é o grande portal de entrada na Semana Santa, a semana em que o Senhor Jesus caminha até ao ponto culminante da sua existência terrena. Ele sobe a Jerusalém para dar pleno cumprimento às Escrituras e ser pregado no lenho da cruz, o trono donde reinará para sempre, atraindo a Si a humanidade de todos os tempos e oferecendo a todos o dom da redenção. Sabemos, pelos Evangelhos, que Jesus Se encaminhara para Jerusalém juntamente com os Doze e que, pouco a pouco, se foi unindo a eles uma multidão cada vez maior de peregrinos. São Marcos refere que, já à saída de Jericó, havia uma «grande multidão» que seguia Jesus (cf. 10, 46).

Que o Domingo de Ramos possa ser para nós o dia da decisão: a decisão de acolher o Senhor e segui-lo até ao fim, a decisão de fazer da sua morte e ressurreição o sentido da vossa vida de cristãos. Tal é a decisão que leva à verdadeira alegria, na qual somos também chamados: “Alegrai-vos sempre no Senhor” (Fl 4, 4). 

Agitando os ramos espirituais da alma, possamos aclamar o Cristo todos os dias dizendo: “Bendito o que vem em nome do Senhor”. Que ele possa tocar cada um de nós e que possamos abrir os nossos corações, a fim de que, seguindo a sua cruz, sejamos mensageiros do seu amor e da sua paz. Assim seja. Uma santa semana para todos.

 D. Anselmo Chagas de Paiva, OSB

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