
Este ano, começa no domingo, 1º de dezembro, e
se prolonga até a tarde do dia 24, em que começa propriamente o Tempo de Natal.
Os evangelhos destes dias nos preparam para o nascimento de Jesus. Com a intenção de
fazer sensível esta dupla preparação de espera, a liturgia suprime durante o
Advento uma série de elementos festivos. Desta forma, na Missa já não rezamos o
Glória. A música e os enfeites festivos são reduzidos, as vestes são de cor
roxa, a decoração da Igreja é mais sóbria, etc. Todas estas coisas são uma
maneira de expressar tangivelmente que, enquanto dura nosso peregrinar, a nossa
espera, nos falta algo para que nosso gozo seja completo. Quando o Senhor se
fizer presente no meio do seu povo, haverá chegado a Igreja à sua festa
completa, a Solenidade do Natal.
A COROA DO ADVENTO
Um dos muitos símbolos do Natal é a
coroa do Advento que expressa a esperança e convida à alegre vigilância. A
coroa teve sua origem no século XIX, na Alemanha, usada pelos evangélicos. Nós,
católicos, adotamos o costume da coroa do Advento no início do século XX. Na
confecção da coroa eram usados ramos de pinheiro e cipreste, únicas árvores
cujos ramos não perdem suas folhas no outono e estão sempre verdes, mesmo no
inverno. Os ramos verdes são sinais da vida que teimosamente resiste: são
sinais da esperança. Em algumas comunidades, os fiéis envolvem a coroa com uma
fita vermelha que lembra o amor de Deus que nos envolve e nos foi manifestado
pelo nascimento de Jesus. Até a figura geométrica da coroa, o círculo, tem um
bonito simbolismo. Sendo uma figura sem começo e fim, representa a perfeição, a harmonia, a eternidade.
Cada uma das quatro velas se refere a cada domingo do Advento. A luz vai aumentando à medida em que se
aproxima o Natal, festa da luz que é Cristo, quando a luz da salvação brilha
para toda a humanidade. A cor das velas pode ser roxa, mas uma delas deve ser
de uma tonalidade mais clara, - rosa, por exemplo – pois representa o domingo
Gaudete, ou da alegria, o terceiro do tempo do Advento. Em algumas comunidades são usadas quatro
velas de cores diferentes: verde, vermelha, branca e roxa.
ESPIRITUALIDADE DO ADVENTO
Com o Advento a
Igreja inicia um novo ano litúrgico! Neste ano, na liturgia, as leituras
dominicais são do “ano A”, por isso, seremos guiados pelo evangelista Mateus.
O tempo do Advento é o tempo de espera, acolhida do Senhor e preparação para
o santo Natal. São quatro semanas que antecedem a data em que celebramos a
encarnação do Verbo em nossa história. E a Igreja entoa, então, o cântico de
esperança pela chegada do príncipe da paz, o Emanuel (Deus conosco): “Vem
Senhor, vem nos salvar. Vem sem demora nos dar a paz”, cântico que expressa
liturgicamente o sentido do Advento.
É o sentimento do povo que espera ansiosamente a libertação. Este tempo tem dupla característica: preparação para as solenidades do Natal, nas quais se recorda a primeira vinda do filho de Deus no meio dos homens (advento natalício), simultaneamente, tempo em que, com esta recordação, os corações se dirigem para a expectativa da segunda vinda de Jesus no fim dos tempos (advento escatológico). Enquanto isso, a espiritualidade do Advento nos atualiza sobre a vinda hoje do Senhor em nossas vidas. Por isso, seria muito importante termos algumas atitudes neste tempo: a) Atitude de ESPERA: Alegre chegada e amorosa acolhida. A chegada de uma pessoa importante é sempre bem preparada e desejada. Ora, o Senhor Jesus é a pessoa mais importante em nossa vida e na história. Por isso, a sua chegada merece uma boa e santa preparação. b) Atitude de RENOVAÇÃO: O Advento é tempo de conversão e penitência. A cor roxa usada na liturgia lembra essa atitude. Jesus se encarna para fazer do homem uma nova criatura. A Igreja recomenda aos fiéis o sacramento da confissão, que é um grande instrumento de renovação espiritual e de preparação para o Natal. c) Atitude de ORAÇÃO: A oração é elemento primordial da espiritualidade cristã. Precisamos rezar mais e melhor neste advento em preparação ao Natal do Senhor. Aprender a rezar é aprender a viver. d) Atitude de CARIDADE FRATERNA: A caridade é a essência do nosso ser e agir cristão. Por isso, somos chamados a rever nossos relacionamentos de amizade, de fraternidade, de convivência na família, com os amigos, com os colegas de trabalho e com a vizinhança. A novena do Natal em família, além de ser um momento forte de evangelização de nossas famílias, é um instrumento precioso de aprofundamento de nossas relações de amizades e de comunhão fraterna. O ideal cristão é viver, sempre, reconciliado com Deus e com o próximo. Há pessoas que por onde passam espalham discórdias. A vida é muito curta para viver odiando as pessoas e semeando discórdias. Por isso, ofereça a Jesus neste Natal um coração reconciliado com seus irmãos e amigos. Para tanto, precisamos dar e receber o perdão! D. Orani João Tempesta, O. Cist. Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ |