AS MEDALHAS
E OUTROS OBJETOS DEVOCIONAIS
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Desde os primeiros tempos da era cristã havia o
piedoso uso de medalhas como objetos de devoção. Foi uma forma evangelizadora
de instruir os neoconvertidos à fé e aumentar-lhes a estima por Nosso Senhor,
Nossa Senhora, os Anjos e Santos. Pouco a pouco os recém-batizados iam trocando
amuletos e fetiches pagãos por cruzes e medalhas.
Na Idade Média, o uso de medalhas tornou-se ainda
mais comum, sobretudo como devoção popular. Quem as portava atribuía a elas
proteção especial, invocando o santo da medalha para livrar-se das tentações,
de criminosos, peste, lepra e outros males. A medalha de São Bento, repleta de
símbolos e inscrições, é um belo exemplo desse costume.
Nessa época também se tornou comum aos
Santuários Marianos cunharem medalhas comemorativas, exibindo a efígie de Maria
Santíssima, sob uma invocação específica.
No século XV, a Igreja mandou cunhar e
distribuir a medalha do jubileu, costume que se estende até os nossos dias.
As
medalhas são verdadeiros sacramentais
Como nos
ensina o Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, as medalhas católicas por
serem bentas, são verdadeiros sacramentais, ou seja, “sinais sagrados
instituídos pela Igreja por meio dos quais se santificam algumas circunstâncias
da vida. Compõem-se de uma oração acompanhada pelo sinal-da-cruz e por outros
sinais. Entre os sacramentais ocupam um lugar importante as bênçãos, que são um
louvor de Deus e uma oração para obter os seus dons, as consagrações das
pessoas e as dedicações de coisas ao culto de Deus” (§351).
O Catecismo da Igreja Católica faz questão de
salientar que “Além da liturgia sacramental e dos sacramentais, a catequese tem
de levar em conta as formas da piedade dos fiéis e da religiosidade popular. O
senso religioso do povo cristão encontrou, em todas as épocas, sua expressão em
formas diversas de piedade que circundam a vida sacramental da Igreja, como a
veneração de relíquias, visitas a santuários, peregrinações, procissões,
via-sacra, danças religiosas, o rosário, as medalhas etc.” (§1674).
Medalhas de São Bento, São Miguel Arcanjo, Santo
Antônio, Nossa Senhora Aparecida e Nossa Senhora das Graças (medalha
milagrosa), uma vez abençoadas, são exemplos de sacramentais. Como tais,
conferem bens espirituais (ex: predispor a alma para receber graças) e bens
temporais (ex: proteção).
Medalha
Milagrosa: uma das mais populares entre os católicos
A medalha milagrosa de Nossa Senhora das Graças é uma das
mais populares entre os católicos apostólicos romanos. Desde o século XIX,
quando a Santíssima Virgem ordenou a Santa Catarina Labouré que a medalha fosse
cunhada, o número de medalhas distribuídas é incontável. Em 1876, ano da morte
de Santa Catarina, já se contabilizava mais de um bilhão.
As primeiras medalhas foram cunhadas pela Casa
Vachette, em número de 20 mil e eram conhecidas pelo nome de “medalhas da
Imaculada Conceição”. As Filhas da Caridade foram as responsáveis pela
distribuição, e logo puderam observar um sem número de graças e milagres. Em
apenas sete anos, mais de dez milhões de medalhas foram distribuídas pelo mundo
todo. Em pouco tempo, os fiéis passaram a chamá-la de “medalha milagrosa”.
Um dos mais valiosos presentes da Santíssima Virgem para a humanidade,
foi dado no dia 27 de novembro de 1830, por meio de Santa Catarina Labouré,
humilde freira da Congregação das Filhas da Caridade.
Nesse dia, segundo relata a vidente, Nossa Senhora apareceu-lhe mostrando nos
dedos anéis incrustados de belíssimas pedras preciosas, “lançando raios para
todos os lados, cada qual mais belo que o outro”.
Em seguida, formou-se em torno da Virgem uma moldura ovalada no alto na qual
estavam escritas em letras de ouro a bela jaculatória:
Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós”.
Esta foi uma prova do céu de que Nossa Senhora é imaculada, concebida sem
pecado original. Vinte e quatro anos depois, no dia 8 de dezembro de 1854, o Papa Pio IX proclamava solenemente o dogma
da Imaculada Conceição de Maria. Quatro anos após, Nossa Senhora aparece em
Lourdes e diz à Santa Bernadete: “Eu Sou a Imaculada Conceição”.

“Fazei cunhar uma medalha conforme este modelo. Todos os que a usarem,
trazendo-a ao pescoço, receberão grandes graças. Estas serão abundantes para
aqueles que a usarem com confiança.” Em 1832, uma violenta epidemia de cólera
assolou a cidade de Paris. Foram, então, cunhados os primeiros exemplares da
medalha, logo distribuídos aos doentes. À vista das graças extraordinárias e
numerosas obtidas por meio dessa medalha, o povo passou a chamá-la de Medalha
Milagrosa. Em pouco tempo, essa devoção difundiu-se pelo mundo inteiro.