Solenidade de Todos os
Santos
Vocação: Ser Santo!
A nossa vocação é para a Santidade! É
o que nos atesta São Paulo: “Foi assim que nEle nos escolheu antes da
constituição do mundo, para sermos santos e imaculados diante dos seus olhos”
(Ef 1, 4). “Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação” (1Tes. 4, 3).
A Igreja convida-nos hoje a pensar
naqueles que, como nós, passaram por este mundo lutando com dificuldades e
tentações parecidas às nossas, e venceram. É essa grande multidão que ninguém
poderia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, como nos fala
São João em Ap. 7, 2 -14. Todos estão marcados na fronte, revestidos de vestes
brancas, lavados no Sangue do Cordeiro (Ap 7, 4) A marca e as vestes são
símbolo do Batismo, que imprime no homem, para sempre, o caráter da pertença a
Cristo, e a graça renovada e aumentada pelos sacramentos e pelas boas obras.
Hoje festejamos e pedimos ajuda à
multidão incontável que alcançou o Céu depois de ter passado por este mundo
semeando amor e alegria quase sem terem consciência disso; recordamos aqueles
que, enquanto estiveram entre nós, se ocuparam talvez num trabalho semelhante
ao nosso: empregados de escritório, comerciantes, empregadas domésticas,
professores, secretárias, trabalhadores da cidade e do campo… Lutaram com
dificuldades parecidas às nossas e tiveram que recomeçar muitas vezes, como nós
procuramos fazer.
Todos fomos chamados a alcançar a
plenitude do Amor, a luta contra as nossas paixões e tendências desordenadas, a
recomeçar sempre que preciso, porque “a santidade não depende do estado –
solteiro, casado, viúvo, sacerdote – mas da correspondência pessoal à graça que
a todos nos é concedida” (São Josemaria Escrivá). A Igreja recorda-nos que o
trabalhador que todos as manhãs empunha a sua ferramenta ou caneta, ou a mãe de
família que se ocupa em seus trabalhos domésticos, no lugar que Deus lhes
designou, devem santificar-se cumprindo fielmente os seus deveres.
Agora podemos fazer nossa a oração de
Santa Teresa, que ela mesma escutará: “Ó almas bem-aventuradas, que tão bem
soubestes aproveitar e comprar herança tão deleitosa…! Ajudai-nos, pois estais
tão perto da fonte; obtei água para os que aqui perecemos de sede”.
Nós somos ainda a Igreja peregrina
que se dirige para o Céu; e, enquanto caminhamos, temos de reunir esse tesouro
de boas obras com que um dia nos apresentaremos a Deus. Ouvimos o convite do
Senhor: “Se alguém quer vir após Mim…” Todos fomos chamados à plenitude da vida
em Cristo. O Senhor chama-nos numa ocupação profissional, para que ali o
encontremos, realizando as nossas tarefas com perfeição humana e, ao mesmo
tempo, com sentido sobrenatural: oferecendo a Deus, vivendo a caridade com os
nossos colegas, praticando a mortificação de um trabalho perfeitamente terminado,
procurando já aqui na terra o rosto de Deus, a quem um dia veremos face a face.
“Para amar a Deus e servi-Lo, não é
necessário fazer coisas estranhas. Cristo pede a todos os homens, sem exceção,
que sejam perfeitos como o seu Pai celestial é perfeito (Mt. 5, 8). Para a
grande maioria dos homens, ser santo significa santificar o seu trabalho,
santificar-se no seu trabalho e santificar os outros com o seu trabalho, e
assim encontrar a Deus no caminho da vida” (São Josemaria Escrivá).
Vale a pena meditar as palavras do
Beato João Paulo II referindo-se a São Josemaria Escrivá, apontando a santidade
ao alcance de todos: “ São Josemaria foi escolhido pelo Senhor para anunciar a
chamada universal à santidade e mostrar que as atividades correntes que compõem
a vida de todos os dias são caminho de santificação. Pode-se dizer que foi o
santo do cotidiano. De fato, estava convencido de que, para quem vive sob a
ótica da fé, tudo é ocasião de um encontro com Deus, tudo se torna um estímulo
para a oração. vista desta forma, a vida diária revela uma grandeza
insuspeitada. A santidade apresenta-se verdadeiramente ao alcance de todos”
(Beato João Paulo II sobre Escrivá).
O que fizeram essas mães de família,
esses intelectuais ou operários…, para estarem no Céu? Pois bem, procuraram
santificar as pequenas realidades diárias! E é isso o que temos de fazer:
ganhar o Céu todos os dias com as coisas que temos entre mãos, entre as pessoas
que Deus colocou ao nosso lado.
Encontramo-nos a Caminho do Céu e
muito necessitados da misericórdia do Senhor!
No Céu espera-nos a Virgem Maria,
para estender-nos a mão e levar-nos à presença do seu Filho e de tantos seres
queridos que ali nos aguardam.
Mons. José Maria Pereira