FOTOS DA PROCISSÃO DE SÃO SEBASTIÃO NA CRUZADA - LEBLON
SÃO SEBASTIÃO, O NOSSO SANTO PADROEIRO
Diz a história que, quando Sebastião
era ainda pequeno, sua família mudou-se para a cidade de Milão, bem mais
próxima de Roma, que era a capital do Império. Ali morreu o seu pai, ficando o
menino entregue aos cuidados maternos. A sua mãe era cristã, e isto não era tão
comum naquela época, lá pelo ano 284. Os cristãos eram perseguidos como
inimigos do Estado pelo fato de não adorarem aos deuses pagãos. Todos os que
adotassem essa nova religião seriam aprisionados e lhes eram confiscados os
seus bens.
Daí então, a mãe de Sebastião, sendo
cristã, transmitiu ao filho o dom da fé cristã. Fé vivia e verdadeira que nos
compromete em tudo e sempre. Assim começa a história de um santo, início de uma
vida como de qualquer vida.
A PERSEGUIÇÃO

Agora é que começa a segunda
parte da vida do jovem oficial do império. Estamos no ano 303. Desde o ano 63,
quando Nero era imperador romano, os cristãos foram quase, ininterruptamente,
perseguidos. De tempos em tempos, um imperador declarava o extermínio sumário
dos cristãos. Cada um deles decretava uma perseguição mais feroz do que outra.
A perseguição, a que nos referimos, iniciou-se precisamente no dia 23 de
fevereiro de 303 e foi ordenada pelo imperador Diocleciano com o seguinte
decreto:
Sejam invadidas e demolidas todas as
Igrejas! Sejam aprisionados todos os cristãos! Corte-se a cabeça de quem se
reunir para celebrar o culto! Sejam torturados os suspeitos de serem cristãos!
Queimem-se os livros sagrados em praça pública! Os bens da Igreja sejam
confiscados e vendidos em leilão!
Por três anos e meio correu muito
sangue e não houve paz para os inocentes cristãos!
Sebastião, logo que chegou a Roma,
foi promovido a oficial. O imperador cativado pela fibra e personalidade deste
jovem o nomeou comandante dos pretorianos, seus guardas-pessoais.
Um alto cargo, sem dúvida.
Cargo de confiança e de influência. No exercício deste ofício, porém, Sebastião
estava exposto aos perigos da corte. Sua vida talvez não corresse perigo, mas
sua fé poderia ser abalada e suas convicções transformadas.
A corte era um resumo de todos
os vícios e depravações existentes no Império. O próprio imperador Diocleciano,
filho de escravos, conseguiu o poder às custas de assassinatos. Era de uma
avareza que se tornou proverbial. Os tributos, que explorando o povo, o
levaram, em pouco tempo, à extrema miséria.
Nesta vida, dois são os caminhos a
seguir e que conduzem a lugares diferentes: existem caminhos fáceis, largos...
que levam à perdição e existem caminhos ásperos, estreitos, íngremes... que
levam à salvação.
Podemos imaginar a quantos perigos a
fé de Sebastião esteve exposta. Não é só de hoje que costumamos dizer: O mundo
está perdido!
Para o cristão, qualquer tempo é
tempo de provação e de tentação. Em todo tempo, porém, é preciso perseverança
na virtude da fé.
De fato, é na hora da provação que a
verdade aparece transparente. É nas dificuldades que se prova até onde vai a
nossa fé em que medida somos capazes de entregar a vida por alguém. O viver, a
fundo, o Evangelho, é oferecer a própria vida, se isso for exigido.
Durante esse tempo de perseguição,
Sebastião trabalhava na corte. Ocultava com muito cuidado sua fé cristã, não
com medo de morrer, mas para cumprir melhor o seu papel: encorajar seus irmãos
na fé e na perseverança, especialmente os mais tímidos e vacilantes, merecendo,
com isso, o título de auxílio dos cristãos.
Assim sendo, muitos cristãos
aprisionados e temerosos de sua morte, após ouvirem Sebastião, sentiam-se
revigorados e destemidos, prontos a enfrentar a tortura e a morte por amor a
Cristo. Não mais os amedrontava o cárcere e a crueldade nos suplícios.
Entretanto, havia uma razão para
explicar a força que sustentava os cristãos em suas provações e essa força era
o amor, seguido do despreendimento, a fé e a esperança em Cristo ressuscitado.
Sebastião sabia perfeitamente de tudo isso e por esse motivo passava de cárcere
em cárcere, visitando e animando os irmãos a se manterem firmes na fé,
mostrando que na vida, os sofrimentos são passageiros e que o prêmio reservado
aos perseverantes na fé é eterno.
Sendo chefe da guarda imperial, tinha
livre acesso, de entradas e saídas, sem maiores complicações. E muitos dos que
ouviam suas palavras se convertiam. Foi numa dessas visitas a presos que o
carcereiro e sua mulher Zoé, alguns parentes dos presos e demais funcionários
da prisão, tiveram oportunidade de ouvir suas convincentes palavras.
Conta-se que enquanto Sebastião
falava, Zoé, que era muda, começou a falar. Diante desse fato, ficaram
maravilhados, o carcereiro e todos os presentes e logo se dispuseram a aceitar
a fé cristã, professada por Sebastião. Os cristãos estavam presos, mas não a
Palavra de Deus. A Palavra do Senhor, de fato, não está acorrentada. Ela é
Caminho, Verdade e Vida para todos nós!
O caminho do cárcere era escuro, mas
o cristão o alumiava com a sua fé; o lugar era frio, mas ele o aquecia com suas
preces fervorosas e cantos inspirados. Apesar das correntes, estava, pelo poder
de Deus, livre para Ele. Na pressão esperava a sentença de um juiz, contudo
sabia que estava com Deus e Ele julgaria os mesmos juízes.
Mas enquanto alguns resolvem iniciar
seu processo de conversão, outros continuam tramando o mal. De fato, a perseguição
sistemática do imperador Diocleciano torna-se cada vez mais violenta, exigindo
dos cristãos, muita coragem e heroísmo.
Aqui acontece um fato que vem
amenizar a vida dos perseguidos. O Prefeito da cidade de Roma, Cromáceo,
convertido ao cristianismo, demitiu-se do cargo e começou a reunir,
ocultamente, em sua casa, os recém-convertidos e, desta forma, estes não eram
molestados. Ele sabia que muitos não resistiriam ao martírio, caso fossem
presos. Então sugeriu que todos aqueles fossem para longe de Roma. Ali estariam
protegidos da feroz perseguição. Seguiam, assim, o que Jesus havia sugerido no
Evangelho: Se vos perseguirem numa cidade, fugí para outra!
À medida que aumentava a perseguição,
os companheiros que Sebastião tinha instruído e convertido à fé cristã, iam
sendo descobertos, presos e mortos. A primeira foi Zoé, esposa do carcereiro.
Foi surpreendida e presa quando rezava no túmulo dos Apóstolos Pedro e Paulo.
Recusando prestar culto aos deuses romanos, foi queimada e suas cinzas foram
jogadas no rio Tibre, em Roma.
O sacerdote Tranquilino, por sua vez,
foi apedrejado e seu corpo exposto ao ludíbrio popular. Ao resgatar os corpos
dos mártires, vários amigos de Sebastião foram descobertos e presos. Entre eles
se achavam: Cláudio, Nicostrato, Castor, Vitoriano e Sinforiano. Durante dias,
os inimigos da fé cristã pelejaram com eles para que renegassem a fé, mas nada
conseguiram. Por fim, o imperador ordenou que fossem atirados ao mar.
A perseverança é a palavra chave,
reveladora do segredo e do sucesso dos cristãos. Eles redobravam suas orações e
jejuns, pedindo a Deus que os fortalecesse para o combate. Mantinham-se firmes
na convicção de que é Deus quem dá a perseverança e a vitória.
Sebastião já não podia continuar
ocultando sua fé, por ter se tornado luz que ilumina a todos. E um dia alguém o
denunciou ao prefeito, por ser cristão. O imperador também foi cientificado e
recebeu todas as informações. Deixar Sebastião em liberdade representava um
grave perigo para a cidade inteira. Então, mandou que o chamassem para ouvir
dele próprio a confirmação.
Acuado e acusado de todos os lados,
preparou-se o soldado cristão para assumir a sua missão. Ainda podia fugir,
podia voltar atrás, mas não o fez: ficou firme em sua fé e assumiu o
acontecimento iminente. Ele anunciou o Reino de Deus, denunciou a inutilidade
dos ídolos da sociedade, suas injustiças e falsas ideologias, seus mitos e seus
pecados. Tinha se comprometido e, por isso, agora devia pagar o devido preço.
O cristão, para ser tal, deve se assemelhar
a Jesus, o servo de Javé. Sua missão é testemunhar a Palavra de Deus que é
verdade, direito, justiça, paz, fraternidade e amor. Este testemunho porém, tem
um preço, as vezes, muito alto: o cristão é marginalizado, rejeitado por todos,
até a morte.
Sebastião percebe, no entanto, que o
silêncio de Deus é somente o intervalo entre duas palavras fundamentais: Morte
e Ressurreição! Ele já está pronto para responder, com seu sangue, às perguntas
dos inimigos do bem e da verdade.
Revestido da cintilante couraça e
ostentando todas as insígnias merecidas, Sebastião se apresenta diante do
imperador que o interroga. Diante dos presentes estupefatos, confessa sua fé e
diz resolutamente ser cristão. O imperador logo o acusa de traidor. Sebastião
lembra que esta acusação é uma absurda mentira, pois até agora tem cumprido
fielmente seu dever para com a Pátria e o imperador, protegendo-lhe a vida em
muitas circunstâncias.
O imperador estava imaginando uma
forma original, diferente, de executar a sentença de morte que iria pronunciar
contra o seu mais fiel oficial. Mandou chamar o comandante dos arqueiros de Numídia,
homem originário de uma região desértica da África, onde a caça só era possível
com as flechas, e o incumbiu de executar a sentença capital do oficial cristão.
O imperador ordenou que amarrassem o
soldado cristão a uma árvore, num bosque dedicado ao deus Apolo. Que o
crivassem de flechas, mas não atingissem seus órgãos vitais, para que morresse
lentamente. Assim foi feito! Com a perda de sangue e a quantidade de feridas,
Sebastião desmaiou, já era tarde! Julgando-o morto, os flecheiros retiraram-se.
Alguns cristãos que haviam preparado
o necessário para o enterro, foram buscar o corpo. Provavelmente subornaram os
carrascos dando-lhes dinheiro para conseguir o corpo do mártir. Qual não foi a
surpresa daqueles cristãos, quando perceberam que Sebastião respirava ainda.
Estava vivo... Levaram-no à casa da matrona Irene, esposa do mártir Caustulo e,
com muito cuidado, foram curando-lhe as feridas.
Alguns dias se passaram, Sebastião já
havia se recuperado dos ferimentos e estava disposto a ir até o fim. Não fora
ele chamado defensor da Igreja pelo próprio Papa? Se ele a tinha defendido
antes, às ocultas, agora a defenderia publicamente, para que todos pudessem
escutar a defesa da Igreja, ali reduzida ao silêncio.
Chegou o dia 20 de janeiro. Era o dia
consagrado à divindade do imperador. Este saiu em grande cortejo de seu palácio
e dirigiu-se ao templo do deus Hércules, onde seriam oferecidos os sacrifícios
de costume. Estando coroado pelos sacerdotes pagãos e pelos homens mais nobres
do império, foi concedida uma audiência pública. Quem desejasse pedir alguma
graça ou apresentar alguma queixa, poderia fazê-lo nesta ocasião, diante do
soberano.
Sebastião, com toda a dignidade que
sempre o distinguiu e cheio do Espírito Santo, apresentou-se diante do imperador
e, destemidamente, reprovou-lhe o comportamento em relação à Igreja.
Reprovou-lhe as injustiças, a falta de liberdade e a perseguição aos cristãos.
O imperador ficou estarrecido ao reconhecer naquela pálida figura, a pessoa de
seu antigo oficial que julgava morto.
Tomado de ódio, ordenou aos guardas que o executassem ali, em sua presença e na
presença de todos. Ele mesmo queria ter a certeza de sua morte.
Imediatamente, os guardas investiram
contra ele, e o moeram de pancadas com cassetetes e com os cabos de ferro de
suas lanças, até que Sebastião não deu mais sinal de vida. O imperador ordenou,
então, que o cadáver do oficial traidor fosse jogado no esgoto da cidade e,
assim, seria apagado, para sempre, a sua memória.
Sebastião, como todo cristão, tinha
esta firme convicção: se Cristo ressuscitou, todos nós ressuscitaremos com Ele,
pois, pelo Batismo, fomos incorporados ao seu corpo glorioso. A morte já não é
o fim, não é o ponto final e definitivo. Ela foi superada, tornou-se apenas uma
porta para a verdadeira vida!
Neste caminhar, um mistério nos
ultrapassa, a saber, participar da vida de Cristo, significa despojar-se de si
mesmo e aceitar cooperar com sua missão essencial de salvação, que passa pela
cruz e pela morte. Assim como nenhum cabelo de nossa cabeça cai sem que Ele o
permita, nenhum fato ou acontecimento escapa ao seu conhecimento.
Durante a noite, um grupo de cristãos
foi até o local onde o corpo de Sebastião tinha sido jogado. Os homens desceram
à muralha que cercava o canal, pelo qual corria o esgoto da cidade. Com o rio
Tibre estava na vazante, o corpo de Sebastião ficara preso a um ferro. Levado
para a catacumba, ali foi enterrado com todas as honras as honras e veneração
dos cristãos, aos quais ele tanto servira e amara.
São Sebastião, por tudo aquilo que
fez e enfrentou, é um santo muito popular. É invocado como protetor contra a
peste, a fome, a guerra e todas as epidemias. Mas de onde vem esta devoção?
Entre os antigos, as flechas, eram
símbolos da peste pelas feridas cancerosas que provocavam. Assim sendo, a
piedade cristã, sabendo que em seu primeiro martírio Sebastião havia sido
sufocado por uma saraivada de flechas, escolheu-o para ser protetor contra o
flagelo da peste, epidemia arrasadora, especialmente nos tempos passados, mas
que ainda hoje é bastante temível.
Mas foi no ano 680, quando uma grande
peste vitimara toda a Itália, que os fiéis recorreram a São Sebastião, fazendo
voto de erigir uma Igreja a ele dedicada, se a peste cessasse. E a peste
realmente cessou! Desde então, São Sebastião passou a ser invocado contra a
peste e suas irmãs: a fome e a guerra.
(Padre Campos).
Fonte: http://saosebastiao.natal.itgo.com/biografia_de_sao_sebastiao.html