SANTÍSSIMA TRINDADE

Jo 3,16 -18

Neste domingo que se segue ao Pentecostes celebramos a solenidade da Santíssima Trindade.

A solenidade da Santíssima Trindade: Deus Pai e Filho e Espírito Santo, Festa de Deus, do centro da nossa fé. Quando se pensa na Trindade, vem em mente o aspecto do mistério: são Três e são Um, um só Deus em três Pessoas. Na realidade, Deus não pode ser outro que um mistério para nós na sua grandeza e, todavia, Ele se revelou. Podemos conhecê-lo no seu Filho e, assim também, conhecer o Pai e o Espírito Santo. A Liturgia deste domingo, no entanto, leva nossa atenção não tanto sobre o mistério, mas sobre a realidade de amor que é contida neste primeiro e supremo mistério da nossa fé. O Pai, o Filho e o Espírito Santo como um, porque é amor e o amor é a força vivificante absoluta, a unidade criada do amor é reconhecimento; e o Espírito Santo é como o fruto deste amor recíproco entre o Pai e o Filho.

Os textos da Santa Missa de hoje falam de Deus e por isso falam de amor; não se fixa tanto sobre o mistério das três Pessoas, mas sobre o amor que neles constitui o sustento, a unidade e a trindade ao mesmo tempo.


Todos nós fomos batizados “em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”? Esse evento de graça nos introduziu na relação profunda com a Santa Trindade, tornando-nos filhos do Pai por meio de Jesus, o Filho bem amado, quando foi derramado em nós o dom do Espírito Santo, princípio de vida divina e “penhor da nossa herança” eterna (cf. Ef 1,14).


Quantas vezes acabamos repetindo estas palavras, ao iniciar as ações cotidianas mais humildes ou as solenes celebrações litúrgicas, enquanto as acompanhamos com o gesto do sinal da cruz traçado sobre a fronte e sobre o peito? Não faz parte dos gestos mais simples que acabamos por aprender sendo ainda crianças e daqueles que os pais gostam de ensinar os seus filhos? Este gesto, na sua simplicidade, constitui de fato, uma profunda profissão de fé, que coloca todo nosso ser em relação vital com a Trindade Santa, Pai, Filho, Espírito Santo.



O ícone da Trindade, pintado pelo famoso e santo pintor russo Andrei Rublev, faz alusão aos três misteriosos personagens que visitaram Abraão, trazendo para ele e Sara a promessa do herdeiro tão esperado (cf. Gn 18). Este ícone apresenta três anjos iguais, sentados ao redor de uma mesa redonda. Os três anjos abençoam o cálice, no qual se encontra um novilho, um bezerro sacrificado, preparado para comer. O sacrifício do novilho significa a morte do Salvador na cruz, enquanto a sua preparação como alimento simboliza o sacramento da Eucaristia. O espaço central diante da pessoa que observa o ícone está livre, está à espera que o próprio observador tome nele seu lugar, junto com os divinos hóspedes. Ali é nosso verdadeiro lugar!

Meus caros amigos, acolhamos o generoso convite do Senhor que nos convida a estar com ele, não somos mais hóspedes, mas amigos e familiares da Santa Trindade, filhos amados pelo Pai (cf. Ef 2, 19). Quem encontra Cristo e estabelece com Ele um relacionamento de amizade, acolhe a própria Comunhão trinitária na sua alma, segundo a promessa de Jesus aos discípulos: "Se alguém me tem amor, há-de guardar a minha palavra; e o meu Pai o amará e Nós viremos a ele e nele faremos morada" (Jo 14, 23). A todos um bom domingo

D. Anselmo Chagas de Paiva, OSB