Mulher do Magnificat -

O que ensina a Assunção

2014-08-13 L’Osservatore Romano
É difícil esquecer, no dia da solenidade da Assunção, as muitas imagens de guerra, perseguição, sofrimento e crise que já há muito tempo invadiram os circuitos mediáticos de todo o mundo. Também é difícil esquecer as múltiplas «imagens não vistas», isto é, os rostos e as histórias de todas as pessoas das quais a crise endémica entre os homens se apodera sem piedade, tornando-as «descartáveis». Todas estas imagens contribuem para criar e manter uma memória colectiva. Contudo, não dizem de qual memória se trata. Isto é, não dizem se se trata de uma memória resignada ou rebelde; indiferente ou indignada; com aparência de medo ou de compromisso.
O que pode dizer e oferecer Maria, como mulher de fé perfeitamente redimida no seu corpo mortal, transfigurada e configurada com Cristo ressuscitado e mãe dos vivos, a uma comunidade que, com a força «frágil» do testemunho e da palavra, quer contribuir para superar a persistente crise humana construindo uma memória colectiva que tenha as características do fermento evangélico? Durante a sua vida terrena, a Mãe de Jesus experimentou a dureza das várias crises às quais foi submetida.
A Virgem inspira-nos uma memória rebelde, que saiba reagir à resignação do fatalismo. À luz do Evangelho, a Mãe de Jesus inspira-nos também uma memória do compromisso, que saiba evitar o abraço mortal do medo, que é um instrumento ao serviço da «lei do mais forte», que transforma o mundo numa espécie de «inferno globalizado».
Com Maria, mulher glorificada no corpo e na alma, os cristãos podem inserir na memória colectiva do mundo, como fermento na massa, as sementes da santa rebelião, da indignação e do compromisso evangélico.