PALAVRA VIVA

29º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO A

            Nesse dia mundial das Missões, a primeira leitura, tirada do livro do profeta Isaías (Is 45,1-6), apresenta a vocação de um pagão: Ciro, rei da Pérsia, chamado pelo Senhor para ser o instrumento de libertação do povo de Deus, ao permitir que ele deixasse o exílio na Babilônia e voltasse para sua terra. Ciro é chamado de Ungido, palavra que pode ser traduzida como Messias ou Ungido, e identifica aquele que foi escolhido por Deus para uma missão em favor da vida do povo, não em proveito próprio. O que devemos perceber é que não importa se o império de Ciro é grande ou não, mas sim o fato de que há um Deus que está acima de tudo e de todos: “que todos saibam, do oriente e do ocidente, que fora de mim outro não existe. Eu sou o Senhor, não há outro”.
            O salmo 95 convida a bendizer o Senhor, que é digno de toda adoração e louvor que Lhe possamos tributar! Que nosso culto dominical nos impulsione a exaltar o Deus de nossa alegria, para que todos os povos da terra se unam neste cântico: “Cantai ao Senhor Deus um canto novo, cantai ao Senhor Deus ó terra inteira! Manifestai a sua glória entre as nações, e entre os povos do universo seus prodígios!”.
            A segunda leitura é o trecho inicial da 1ª Carta de São Paulo aos Tessalonicenses (1Ts 1,1-5), o escrito que inaugura o Novo Testamento, redigido antes mesmo dos evangelhos. O anúncio da Ressurreição do Senhor já ressoava no mundo há pelo menos dez anos, quando o Apóstolo sentiu a necessidade de estreitar os laços com aquela comunidade de fé por ele fundada, escrevendo-lhes esta epístola. Começa desejando a paz, em seu nome e no de Silvano e Timóteo, seus colaboradores. É belo perceber que vida cristã acontece em comunidade, ou seja, não se pode ser cristão sozinho: Paulo envia a mensagem, mas não está só, pois há outros que partilham com ele as alegrias e tristezas cotidianas! Ele incentiva os irmãos e irmãs de Tessalônica a que perseverem com uma fé operosa, uma esperança firme e uma caridade cheia de vigor!
            O Evangelho retrata um embate entre Jesus e alguns fariseus e herodianos que, interessados em lhe armar uma cilada, questionam sobre a licitude ou não do pagamento do imposto a César. Se Jesus concordasse, seria tachado de colaboracionista; se não, seria entregue aos romanos como inimigo do regime. Ele percebe a maldade dos interlocutores e convida a um olhar mais profundo sobre a situação: seja qual for o governo, de direita ou de esquerda, democrático ou não, a autoridade legítima vem de Deus. O Concílio Vaticano II falou claramente sobre a autonomia das realidades terrestres (desde que não haja conflito de consciência), o que significa que ser cristão e ser cidadão não são realidades opostas. Pelo contrário, o cristão deve ser o melhor cidadão, inserindo-se plenamente na construção da sociedade, para que os valores da fé influenciem positivamente o mundo! Esta é a missão de todos nós: “Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”.

Uma semana abençoada para todos!

Padre Célio calixto