AS MEDALHAS E OUTROS OBJETOS DEVOCIONAIS
No Concílio de Trento, em 1563, a Igreja fixou o bom uso de medalhas, imagens, escapulários, lembrando aos cristãos que é preciso que fique bem claro que, quando veneramos as imagens de Cristo, da Virgem e dos santos, não significa que colocamos nossa fé nas imagens, e sim que veneramos as pessoas que elas representam. Assim, não devemos considerar medalhas, crucifixos, terços e escapulários como talismãs ou amuletos com poderes mágicos, nem usá-los com superstição.
Desde os primeiros tempos da era cristã havia o piedoso uso de medalhas como objetos de devoção. Foi uma forma evangelizadora de instruir os neoconvertidos à fé e aumentar-lhes a estima por Nosso Senhor, Nossa Senhora, os Anjos e Santos. Pouco a pouco os recém-batizados iam trocando amuletos e fetiches pagãos por cruzes e medalhas.
Na Idade Média, o uso de medalhas tornou-se ainda mais comum, sobretudo como devoção popular. Quem as portava atribuía a elas proteção especial, invocando o santo da medalha para livrar-se das tentações, de criminosos, peste, lepra e outros males. A medalha de São Bento, repleta de símbolos e inscrições, é um belo exemplo desse costume.
Nessa época também se tornou comum aos Santuários Marianos cunharem medalhas comemorativas, exibindo a efígie de Maria Santíssima, sob uma invocação específica.
As medalhas são verdadeiros sacramentais

O Catecismo da Igreja Católica faz questão de salientar que “Além da liturgia sacramental e dos sacramentais, a catequese tem de levar em conta as formas da piedade dos fiéis e da religiosidade popular. O senso religioso do povo cristão encontrou, em todas as épocas, sua expressão em formas diversas de piedade que circundam a vida sacramental da Igreja, como a veneração de relíquias, visitas a santuários, peregrinações, procissões, via-sacra, danças religiosas, o rosário, as medalhas etc.” (§1674).
Medalhas de São Bento, São Miguel Arcanjo, Santo Antônio, Nossa Senhora Aparecida e Nossa Senhora das Graças (medalha milagrosa), uma vez abençoadas, são exemplos de sacramentais. Como tais, conferem bens espirituais (ex: predispor a alma para receber graças) e bens temporais (ex: proteção).
Medalha Milagrosa: uma das mais populares entre os católicos
A medalha milagrosa de Nossa Senhora das Graças é uma das mais populares entre os católicos apostólicos romanos. Desde o século XIX, quando a Santíssima Virgem ordenou a Santa Catarina Labouré que a medalha fosse cunhada, o número de medalhas distribuídas é incontável. Em 1876, ano da morte de Santa Catarina, já se contabilizava mais de um bilhão.
As primeiras medalhas foram cunhadas pela Casa Vachette, em número de 20 mil e eram conhecidas pelo nome de “medalhas da Imaculada Conceição”. As Filhas da Caridade foram as responsáveis pela distribuição, e logo puderam observar um sem número de graças e milagres. Em apenas sete anos, mais de dez milhões de medalhas foram distribuídas pelo mundo todo. Em pouco tempo, os fiéis passaram a chamá-la de “medalha milagrosa”.

Nesse dia, segundo relata a vidente, Nossa Senhora apareceu-lhe mostrando nos dedos anéis incrustados de belíssimas pedras preciosas, “lançando raios para todos os lados, cada qual mais belo que o outro”.
Em seguida, formou-se em torno da Virgem uma moldura ovalada no alto na qual estavam escritas em letras de ouro a bela jaculatória:
Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós”.
Esta foi uma prova do céu de que Nossa Senhora é imaculada, concebida sem pecado original. Vinte e quatro anos depois, no dia 8 de dezembro de 1854, o Papa Pio IX proclamava solenemente o dogma da Imaculada Conceição de Maria. Quatro anos após, Nossa Senhora aparece em Lourdes e diz à Santa Bernadete: “Eu Sou a Imaculada Conceição”.
Na aparição à Santa Catarina, a Virgem de pé sobre um globo, a Terra, pisava a cabeça da Serpente e segurando nas mãos um globo menor, oferecia-o a Deus, num gesto de súplica. E disse à vidente: “Este globo representa o mundo inteiro e cada pessoa em particular”. De repente, o globo desapareceu e suas mãos se estenderam suavemente, derramando sobre o globo brilhantes raios de luz. E Santa Catarina ouviu uma voz que lhe dizia:
“Fazei cunhar uma medalha conforme este modelo. Todos os que a usarem, trazendo-a ao pescoço, receberão grandes graças. Estas serão abundantes para aqueles que a usarem com confiança.” Em 1832, uma violenta epidemia de cólera assolou a cidade de Paris. Foram, então, cunhados os primeiros exemplares da medalha, logo distribuídos aos doentes. À vista das graças extraordinárias e numerosas obtidas por meio dessa medalha, o povo passou a chamá-la de Medalha Milagrosa. Em pouco tempo, essa devoção difundiu-se pelo mundo inteiro.