PALAVRA VIVA



    CRISTO REI (ano A) 
XXXIV domingo do tempo comum

A solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo foi instituída pelo Papa Pio XI em 1925, apresentando-se atualmente com um sentido mais espiritual e escatológico, abrindo a última semana do Tempo Comum, imediatamente antes do Advento, que iniciará um novo ciclo litúrgico
As leituras desta Solenidade no corrente ano mostram o Rei que é também pastor, conduzindo seu povo rumo à felicidade. A profecia de Ezequiel (Ez 34,11-17) apresenta as ações do Senhor em favor de suas ovelhas, expressas em verbos como procurar, resgatar, apascentar, enfaixar, fortalecer, vigiar. Ele mesmo decide realizar isso, posto que seus representantes falharam nessa missão. Não vai deixar, porém, de fazer justiça entre uma ovelha e outra, como o evangelho deixará claro.
No Salmo 22, um dos mais famosos e mais queridos de todos os 150, nós, como ovelhas, manifestamos a alegria de ser pastoreados por Deus: “o Senhor é o pastor que me conduz; não me falta coisa alguma”.
São Paulo, escrevendo aos cristãos de Corinto (1Cor 15,20-28), apresenta o Cristo ressuscitado, que como pastor vai à frente do rebanho no caminho da eternidade: “quando todas as coisas estiverem submetidas a ele, então o próprio Filho se submeterá àquele que lhe submeteu todas as coisas, para que Deus seja tudo em todos”.
A perspectiva do juízo final é retratada no evangelho (Mt 25,31-46), na imagem do Filho do Homem que, qual pastor, separa as ovelhas dos cabritos: “e colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda”. O que mais impressiona nesse texto é a surpresa de uns e de outros, pois o critério da sorte última de cada um dependerá de suas ações ou omissões feitas ao próprio Cristo, que quer ser reconhecido na pessoa dos mais pequeninos, dos menores de seus irmãos.
Cristo Rei surge como a meta a que tendem o Ano Litúrgico e todo o peregrinar dos homens: “O Verbo de Deus, pelo qual todas as coisas foram feitas, se encarnou, de tal modo que, como homem perfeito, salvasse todos os homens e recapitulasse todas as coisas. O Senhor é o fim da história humana, o ponto para o qual convergem todas as aspirações da história e da civilização, centro da humanidade, alegria de todos os corações e plenitude de todos os seus desejos. A ele o Pai ressuscitou, exaltou e constituiu juiz dos vivos e dos mortos; reunidos em seu Espírito, caminhamos para a consumação da história humana” (Concílio Vaticano II, Constituição Pastoral Gaudium et Spes n.45).
A convergência de todo o universo no Senhor Jesus é fruto de uma intensa atividade humana para a construção do mundo, solicitada pelo amor manifestado em Cristo; Sua realeza liberta os homens para exercerem domínio sobre o universo. Cristo Rei é o mediador da salvação: nele todas as coisas encontram seu acabamento, sua subsistência.

Padre Célio Calixto