PALAVRA VIVA

 1º DOMINGO DO ADVENTO – ANO B

            O tempo do Advento, com o qual iniciamos um novo Ano Litúrgico, possui dupla característica: ao mesmo tempo em que nos prepara para a celebração do Natal, faz-nos voltar os corações para a expectativa da segunda vinda de Cristo. São Bernardo esclarece: “Conhecemos uma tríplice vinda do Senhor. Entre a primeira e a última há uma terceira vinda. Aquelas são visíveis, mas esta não. Na primeira vinda o Senhor apareceu na terra e conviveu com os homens. Foi então, como ele próprio declara, que o viram e não o quiseram receber. Na última “todos os homens verão a salvação de nosso Deus”(Lc 3,6) e “verão aquele que transpassaram”(Zc 12,10). A vinda intermédia é oculta, nela somente os eleitos o vêem em si mesmos e recebem a salvação. Na primeira o Senhor veio na fraqueza da  carne; na intermediária, vem espiritualmente, manifestando o poder de sua graça; na última, virá com todo o esplendor de sua glória. Esta vinda intermediária é qual um caminho que conduz da primeira à última; na primeira, Cristo foi nossa redenção, na última; aparecerá como nossa vida; nesta, é nosso repouso e consolação. Mas, para que não pareça talvez invenção o que dissemos sobre esta vinda intermédia, ouvi o próprio Senhor: “Se alguém me ama, diz ele, guardará minhas palavras, e meu Pai o amará e viremos a ele”(Jo 14,23).” (V Sermão para o Advento, 1-3).

            No 1º Domingo do Advento, o profeta Isaías nos convida à alegre vigilância e à oração, abertos e disponíveis aos sinais da presença do Senhor; ele nos chama à conversão com as palavras: “Como nos deixaste andar longe de teus caminhos? Senhor, tu és nosso pai, nós somos barro; tu, nosso oleiro, e nós todos, obra de tuas mãos” (Is 63,17; 64,7). O refrão do salmo responsorial insiste na mesma idéia: “Iluminai a vossa face sobre nós, convertei-nos, para que sejamos salvos!” (Sl 79).
            Na segunda leitura, são Paulo exorta os coríntios (e a todos nós) a permanecerem fiéis com Cristo, fortalecidos pelo grande dom da esperança: “Vós aguardais a revelação de Jesus Cristo. Deus vos dará perseverança até o fim” (1Cor 1,7s). É uma vigília orante e ativa, um estado de prontidão e certa ansiedade, até mesmo antecipando em desejo o encontro com Deus, como anunciado no Evangelho: “Ficai atentos, porque não sabeis quando chegará o momento. O que vos digo, digo a todos: Vigiai!” (Mc 13,33.37).
            A liturgia da Igreja confirma essa intuição no Prefácio do Advento IA: “Vós preferistes ocultar o dia e a hora em que Cristo, vosso Filho, Senhor e Juiz da História, aparecerá nas nuvens do céu, revestido de poder e majestade. Naquele tremendo e glorioso dia, passará o mundo presente e surgirá novo céu e nova terra. Agora e em todos os tempos, ele vem ao nosso encontro, presente em cada pessoa humana, para que o acolhamos na fé e o testemunhemos na caridade, enquanto esperamos a feliz a realização de seu Reino”.
            Que nosso bom e querido Deus nos conceda viver bem este tempo de alegria e esperança, na vigilância e na oração, construindo seu reino de amor e justiça.

Uma semana abençoada para todos!

Padre Célio calixto