PALAVRA VIVA

Basílica do Latrão (32º Domingo)


            Neste ano de 2014, as orações e leituras do 32º Domingo são as da Festa da Basílica de São João do Latrão, que remonta à dedicação da primeira catedral do mundo, desde o século IV consagrada ao Santíssimo Salvador. Com o passar dos séculos, foram acrescentados como patronos os dois santos de nome João, o Evangelista e o Batista, devido à beleza de seu batistério. Celebrando a importância deste templo, festejamos a Igreja espalhada por toda a terra, viva em seus fiéis, conduzidos pelo Espírito do Senhor.

            A profecia de Ezequiel (Ez 47,1-12) mostra a água que jorra do Templo, formando um grande rio, que faz crescer a vida e a saúde de tudo que está ao seu redor. As árvores situadas nas margens do rio frutificam, não uma, mas doze vezes por ano: “seus frutos servirão de alimento e suas folhas serão remédio”. Assim é a liturgia, qual água que jorra do lado do Salvador, aberto pela lança no alto do Gólgota. Podemos dela sempre nos aproximar sedentos, sentindo-nos reviver, em assembleia reunida no templo, pela abundância da graça do Senhor, vivo e ressuscitado em seus sacramentos e seus mistérios.
            O salmo 45 responde a esta leitura, contemplando com alegria os prodígios de Deus e sua obra estupenda no universo: “o Senhor para nós é refúgio e vigor, sempre pronto, mostrou-se um socorro na angústia; assim não tememos, se a terra estremece, se os montes desabam, caindo nos mares”. O salmista tem a certeza da mão protetora de Deus, conduzindo-o em seus caminhos: “conosco está o Senhor do universo! O nosso refúgio é o Deus de Jacó!”.
            São Paulo vem lembrar-nos na 2ª leitura (1Cor 3,9-17) que cada batizado é “construção de Deus”, santuário do Espírito. Edificados pela pregação do Evangelho e pela celebração dos sinais sagrados, frutificamos como lavoura do Altíssimo para o Reino que virá, e para o qual somos chamados a conduzir a humanidade.
            No Evangelho temos a famosa cena de Jesus, consumido de zelo pela casa de seu Pai, expulsando os vendilhões expulsos do Templo (Jo 2,13-22). Os judeus, que certamente não eram favoráveis à profanação daquele santo lugar, questionaram a origem da autoridade de Jesus, enquanto os discípulos acreditaram nele.
O Cristo ressuscitado e glorioso é o novo templo de Deus. A Igreja, seu Corpo Místico, prolonga na história a unção do Espírito de Jesus, manifestando ao mundo seu amor e sua bondade. Cada batizado, por sua vida e testemunho de unidade, é chamado a exalar o bom odor de Cristo em suas palavras e ações, para que o mundo possa crer no Filho de Deus e aceitar a salvação que ele propõe, vivida no serviço e na entrega da própria vida por amor.
Que a celebração dos sagrados mistérios nos transforme cada vez mais em habitação digna para o Senhor.

Uma semana abençoada para todos!

Padre Célio Calixto