PALAVRA VIVA

1º DOMINGO DA QUARESMA – ANO B


         “O Tempo da Quaresma visa preparar a celebração da Páscoa; a liturgia quaresmal, com efeito, dispõe para a celebração do mistério pascal tanto os catecúmenos, pelos diversos graus de iniciação cristã, como os fiéis, pela comemoração do batismo e da penitência” (Normas sobre o Ano Litúrgico, 27).
Iniciamos na última quarta-feira, com o rito de imposição das cinzas, o sagrado tempo da Quaresma, tempo de provação e de salvação. Somos convidados a um “retiro” de quarenta dias no deserto, em companhia de Jesus e de sua palavra. É momento de nos atermos ao essencial, desapegando-nos das coisas supérfluas e fazendo uma revisão de nossa vida, a fim de voltarmos para o Senhor, experimentando, na Páscoa, uma vida nova!
Na primeira leitura (Gn 9,8-15), nossa atenção se volta para o pós-dilúvio e a Aliança de Deus com Noé e todo o cosmos: “Eis que vou estabelecer minha aliança convosco, com vossa descendência e com todos os seres vivos”. O arco-íris é o sinal desta aliança, funcionando como um memorial que faz recordar o pacto firmado entre as partes: “Quando eu reunir as nuvens sobre a terra, aparecerá meu arco nas nuvens. Então eu me lembrarei de minha aliança convosco e com todas as espécies de seres vivos”. A iniciativa é sempre divina, e embora pareça bilateral, as duas partes que estabelecem o acordo são infinitamente desiguais: é como se Deus se comprometesse sozinho, uma vez que conhece nossa fraqueza e nossas infidelidades. Só podemos contar com sua graça e não conosco mesmos!
O salmo 24 prossegue implorando para que a “boa memória” divina não se esqueça de nós: “Recordai, Senhor meu Deus, vossa ternura e a vossa compaixão que são eternas! De mim lembrai-vos, porque sois misericórdia e sois bondade sem limites, ó Senhor!”. O refrão fortalece nosso desejo de ser conduzidos por uma estrada segura: “Verdade e amor são os caminhos do Senhor”.

São Pedro atualiza o tema do dilúvio e da Aliança com Noé, dando-lhe uma visão cristã (1Pd 3,18-22): “À arca corresponde o batismo, que hoje é nossa salvação”.
O evangelho (Mc 1,12-15) mostra Jesus no deserto: o narrador, na primeira parte do relato, observa que Jesus é conduzido pelo Espírito e passa quarenta dias no deserto, onde é tentado por Satanás e, ao mesmo tempo, servido pelos anjos. Na segunda parte, o Senhor inaugura sua pregação: “O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho”. 
Que possamos nós também experimentar o carinho de Deus, mesmo no “vale de lágrimas”, dando passos rumo à conversão. 
Uma semana abençoada para todos!

Padre Célio Calixto 

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