A VOLTA DO TEMPO COMUM
Retomando as leituras do Tempo
Comum, após as celebrações do Ciclo da Páscoa, temos, na primeira leitura (Gn
3,9-15), as primeiras palavras que o autor sagrado coloca nos lábios do Senhor
Deus em toda a Escritura: “Onde estás?”.
Parece ser a intenção do hagiógrafo fazer-nos perceber que Deus está sempre à
nossa procura, não com um olhar inquisidor e punitivo, mas com o olhar amoroso
e amigo de quem quer entrar em Aliança com os seus amados. A resposta de nossos
primeiros pais é típica de cada um de nós, quando somos surpreendidos,
transgredindo alguma prescrição: acusar o próximo! Adão diz: “A mulher me deu do fruto e eu comi”.
Eva, por sua vez diz: “A serpente
enganou-me e eu comi”.
Quando tudo indica que o círculo vicioso de acusações
não vai ter fim, esta sucessão de respostas evasivas dá ensejo a que o Senhor
proclame à serpente, de forma totalmente inesperada: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a
dela. Esta te ferirá a cabeça”. Este é o chamado o Proto-Evangelho, isto é,
o primeiro anúncio feliz da vitória sobre o mal. Um dia, muitos séculos depois
da criação do mundo, a descendência da mulher (Jesus) vai vencer o tentador de
uma vez por todas, libertando-nos das garras do inimigo. Foi exatamente o que
celebramos nas festas recém-concluídas: o mistério pascal de Jesus, sua morte e
ressurreição, que são a realização da salvação para toda a humanidade.
Proclamando que “No
Senhor se encontra toda graça e copiosa redenção!”, o salmo 129 nos faz
reconhecer a situação em que vivemos, muitas vezes semelhante a um abismo
profundo, longe de Deus. Nessa situação difícil reconhecemos, entretanto, que “No Senhor ponho a minha esperança, espero
em sua palavra. A minh’alma espera no Senhor mais que o vigia pela aurora”.
Que estas inspiradoras palavras nos ajudem a recobrar o ânimo em meio às
tribulações!
Seguindo esta mesma linha de raciocínio, são Paulo
afirma na segunda leitura (2Cor 4,13-18): “Aquele
que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará também. Mesmo se o nosso homem
exterior se vai arruinando, o nosso homem interior, pelo contrário, vai-se
renovando, dia a dia”.
O evangelho (Mc 3,20-35) mostra uma controvérsia entre
Cristo e os mestres da Lei, que tinham vindo de Jerusalém e diziam que ele
estava possuído por Belzebu. Afirmando que “Se
um reino se divide contra si mesmo, ele não poderá manter-se”, Jesus mostra
a incoerência deles. Interpelado em seguida por seus parentes, proclama: “Quem faz a vontade de Deus, esse é meu
irmão, minha irmã e minha mãe”.
Que nesses dias possamos crescer em
gratidão ao Senhor por tudo que nos tem dado e também estreitar os laços de
solidariedade entre nós. Uma semana abençoada para todos!
Padre Célio Calixto
Comentários
Postar um comentário