12º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO B


            “O Senhor é a força de seu povo, fortaleza e salvação do seu Ungido. Salvai, Senhor, vosso povo, abençoai vossa herança e governai para sempre os vossos servos” (Sl 27,8s)
            A antífona da entrada, que nos acompanhará ao longo da semana, ao mesmo tempo agradece e suplica o divino auxílio para o povo, herança bendita de YHWH. Em meio às contradições do “mar da vida” em nosso tempo, Deus sempre abre uma porta quando não há janelas disponíveis, de modo a agraciar continuamente os seus amados.
            Na passagem do Livro de Jó, proclamada na primeira leitura (Jó 38,8-11), Deus responde ao protagonista, indagando quem, além do Altíssimo, poderia ter feito tudo que ele fez, com sabedoria, ao criar o universo. Nossa resposta, com o salmo 106, só pode ser a do louvor: “Dai graças ao Senhor, porque ele é bom, porque eterna é a sua misericórdia!”.
A ação de graças pela libertação dos perigos no alto-mar é a tônica deste hino jubiloso: “gritaram ao Senhor na aflição, e ele os libertou daquela angustia. Transformou a tempestade em bonança, e as ondas do oceano se calaram. Alegraram-se ao ver o mar tranquilo, e ao porto desejado os conduziu”. Claro está que o autor sagrado ainda não alcança todo o conteúdo teológico que os Padres da Igreja dos primeiros séculos observaram, identificando, na expressão “porto desejado”, uma alusão ao próprio Cristo.
O amor do crucificado, segundo o Apóstolo (2Cor 5,14-17), nos impele a viver para ele, doando a vida pelos irmãos e irmãs, o que constitui o centro da novidade cristã: “se alguém está em Cristo, é uma criatura nova. O mundo velho desapareceu. Tudo agora é novo”. O Espírito Santo, o mesmo que pairava sobre as águas primordiais na criação, transformando o caos em cosmos, é o grande artífice desta obra de Deus em nós. Ele ilumina os recantos do nosso ser com o fulgor da ressurreição, que celebramos em cada domingo do ano.
No conhecido relato da tempestade acalmada (Mc 4,35-41) o mestre, que dormia sobre um travesseiro no fundo da barca, é acordado pelos medrosos discípulos, cala os ventos e indaga: “Ainda não tendes fé?”. Esse texto nos sugere a liturgia como este lugar suave, no meio da tempestade, onde podemos repousar, e algo pode ser esquecido, para que alguma outra coisa possa ser lembrada, reconhecida no coração, revivida no corpo e repensada na mente.
Que nosso encontro semanal com o ressuscitado nos conduza à experiência do que pedimos na oração que abre nossa liturgia dominical:
            “Senhor, nosso Deus, dai-nos por toda a vida a graça de vos amar e temer, pois nunca cessais de conduzir os que firmais no vosso amor”.

Uma semana abençoada para todos!
Padre Célio Calixto

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