“O
Senhor é a força de seu povo, fortaleza e salvação do seu Ungido. Salvai,
Senhor, vosso povo, abençoai vossa herança e governai para sempre os vossos
servos” (Sl 27,8s)

Na passagem do Livro de Jó,
proclamada na primeira leitura (Jó 38,8-11), Deus responde ao protagonista,
indagando quem, além do Altíssimo, poderia ter feito tudo que ele fez, com
sabedoria, ao criar o universo. Nossa resposta, com o salmo 106, só pode ser a
do louvor: “Dai graças ao Senhor, porque
ele é bom, porque eterna é a sua misericórdia!”.
A ação de graças pela libertação dos perigos no
alto-mar é a tônica deste hino jubiloso: “gritaram
ao Senhor na aflição, e ele os libertou daquela angustia. Transformou a
tempestade em bonança, e as ondas do oceano se calaram. Alegraram-se ao ver o
mar tranquilo, e ao porto desejado os conduziu”. Claro está que o autor
sagrado ainda não alcança todo o conteúdo teológico que os Padres da Igreja dos
primeiros séculos observaram, identificando, na expressão “porto desejado”, uma
alusão ao próprio Cristo.
O amor do crucificado, segundo o Apóstolo (2Cor
5,14-17), nos impele a viver para ele, doando a vida pelos irmãos e irmãs, o
que constitui o centro da novidade cristã: “se
alguém está em Cristo, é uma criatura nova. O mundo velho desapareceu. Tudo
agora é novo”. O Espírito Santo, o mesmo que pairava sobre as águas
primordiais na criação, transformando o caos em cosmos, é o grande artífice
desta obra de Deus em nós. Ele ilumina os recantos do nosso ser com o fulgor da
ressurreição, que celebramos em cada domingo do ano.
No conhecido relato da tempestade acalmada (Mc
4,35-41) o mestre, que dormia sobre um travesseiro no fundo da barca, é
acordado pelos medrosos discípulos, cala os ventos e indaga: “Ainda não tendes fé?”. Esse texto nos sugere
a liturgia como este lugar suave, no meio da tempestade, onde podemos repousar,
e algo pode ser esquecido, para que alguma outra coisa possa ser lembrada,
reconhecida no coração, revivida no corpo e repensada na mente.
Que nosso encontro semanal com o ressuscitado nos
conduza à experiência do que pedimos na oração que abre nossa liturgia
dominical:
“Senhor,
nosso Deus, dai-nos por toda a vida a graça de vos amar e temer, pois nunca
cessais de conduzir os que firmais no vosso amor”.
Uma semana abençoada para todos!
Padre Célio Calixto
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