"No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio junto de Deus. Tudo foi feito por meio dele, e sem ele nada se fez. E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos sua glória, a glória que o Filho único recebe do seu Pai, cheio de graça e de verdade" (Jo 1, 1-3.14).
Estas palavras de São João nos fazem mergulhar no mistério da Encarnação de Nosso Senhor Jesus Cristo, pois "sendo ele de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens" (Fp 2, 6-7).
Sim, meus irmãos! Deus se fez um de nós! Aquele que antes dera origem a todas as coisas, fez-se nascer no meio dos homens, entrou no tempo, vestiu-se de humanidade, e quis ter um coração para que, por meio dele, se cumprisse a promessa de Deus que nos diz: "Eu lhes darei um só coração e os animarei com um espírito novo: extrairei do seu corpo o coração de pedra, para substituí-lo por um coração de carne" (Ez 11, 19; 36, 26). Desta Palavra nasce e vive a Igreja quando, em Pentecostes, recebe este Espírito Novo e passa a ser possuidora de “um só coração e uma só alma” (cf. At 4, 32).
Do Coração do Senhor nascem os santos pastores (cf. Jr 3, 15) e se elevam os maiores reis (cf. 1Sm 13, 14). Deste mesmo Coração se aproxima o discípulo amado quando, atormentado pelo medo e pela dúvida, encontra a paz ao escutar suas batidas (cf. Jo 13, 23.25). Deste manso e humilde Coração, do qual recebemos toda Doutrina (cf. Mt 11, 29), jorram finalmente a Água Batismal e o Sangue Eucarístico (cf. Jo 19, 34), que nos redimem e conduzem à santidade. Ó grandioso Mistério por meio do qual Deus nos mostrou que o nosso pobre coração humano é capaz de amar!
Para que a nossa devoção a este Mistério fosse ainda mais fervorosa, aprouve ao Senhor aparecer a Santa Margarida Maria Alacoque no ano de 1675 para apresentar-nos o Seu Coração e os sofrimentos que continua a carregar por amor a nós: “Eis este Coração” – diz o Senhor – “que tanto tem amado os homens. Não recebo da maior parte senão ingratidões, desprezos, ultrajes, sacrilégios e indiferenças”. E para que perseverássemos nesta devoção, Ele nos fez promessas:
1ª Promessa: “A minha bênção permanecerá sobre as casas em que se achar exposta e venerada a imagem de Meu Sagrado Coração”;
2ª Promessa: “Eu darei aos devotos do Meu Coração todas as graças necessárias ao seu estado”;
3ª Promessa: “Estabelecerei e conservarei a paz em suas famílias”;
4ª Promessa: “Eu os consolarei em todas as suas aflições”;
5ª Promessa: “Serei refúgio seguro na sua vida e, principalmente, na hora da sua morte”;
6ª Promessa: “Lançarei bênçãos abundantes sobre os seus trabalhos e empreendimentos”;
7ª Promessa: “Os pecadores encontrarão, no meu Coração, fonte inesgotável de misericórdia”;
8ª Promessa: “As almas tíbias se tornarão fervorosas pela prática dessa devoção”;
9ª Promessa: “As almas fervorosas subirão, em pouco tempo, a uma alta perfeição”;
10ª Promessa: “Darei aos sacerdotes que praticarem especialmente essa devoção o poder de tocar os corações mais endurecidos”;
11ª Promessa: “As pessoas que propagarem esta devoção terão o seu nome inscrito para sempre no Meu Coração”;
12ª Promessa: “A todos os que comungarem nas primeiras sextas-feiras de nove meses consecutivos, Eu darei a graça da perseverança final e da salvação eterna”.
Que o Sagrado Coração de Jesus, do qual procedem estas grandiosas graças, nos faça perseverantes no caminho da santidade, ensinando-nos a amar como Ele nos ama!
Sagrado Coração de Jesus, nós temos confiança em Vós!
Raul de Araújo
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